quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

ILHADOS, PORÉM CONECTADOS




Graças a homens ousados, como Steve Jobs e Bill Gates, o acesso à tecnologia que facilita o cotidiano tem chegado para todos. Inovações, que durante séculos não se imaginava possível, em poucas décadas trouxeram mais praticidade e conhecimento. De computador pessoal a netbook; de softwares simples a redes sociais; de telefones a I-phones modernos. Tudo numa boa.
A globalização, que antes era somente uma palavra nova nos livros de Geografia e de OSPB (é o novo!), passou a ser natural. Barreiras culturais foram contornadas. Um mundo menor. A cada instante, mais próximo. A cada lugar, mais íntimo.
Pessoas de continentes distantes passaram a ser amigos. Idiomas antes totalmente diferentes, agora com fácil compreensão. Com 140 caracteres passa a ser possível dizer o que pensa ou o que sente. Uma foto instantânea corre o mundo em minutos. Tão longe, tão perto. Nunca antes na história da humanidade este clichê fez tanto sentido.
A inovação tecnológica não parou e não deve. To be continued. Jobs deixou discípulos, mesmo sendo único em sua genialidade. No filme “De volta para o futuro 2”, Steven Spielberg imaginou carros que voam e skates planadores em 2015. Talvez não aconteça a tempo, contudo no caso de progresso dos relacionamentos foi imenso.
É preciso um pause para uma análise. Uma reflexão sobre essa rede e para onde ela está levando. Será que todo esse ritmo desenfreado não pode cansar? Será que o contato físico vai ser menos interessante que o virtual? Será que vai chegar o ponto de preferir somente encontrar com alguém na internet do que com “cara limpa” ou de olho no olho?
Mas e a praticidade? E a grande diversão da facilidade dessa comunicação? E a comodidade? A oportunidade do desabafo de um tímido. A revolta de um indignado. A indireta de alguém magoado. O protesto de alguém que quer seus direitos. O humor de quem simplesmente quer fazer o dia do outro menos chato.
O equilíbrio é a chave para todos os relacionamentos, inclusive os virtuais. Há o perigo da banalização. A tentação do descompromisso. O risco da superficialidade. A possibilidade da robotização. O que os olhos não veem o coração não sente. É piegas, mas às vezes tem razão.
Um dia, será que a grande brincadeira pode acabar? Será que pode perder a graça? Será que ainda vai dar tempo de retornar ao simples? Na real, quem se importa?
Que curtir signifique mais que um clique interessante, mas saber que o próximo está bem de verdade.
Que digitar o que pensa ou que sente traga sentimentos novamente.
Que compartilhar seja também bater um bom papo com ideias maneiras.
Que comentar não seja para fazer o mal, e sim a expressão da vontade de melhorar o que pode ser melhorado.
Que postar pensamentos carreguem valores e ações de um mundo melhor.
Que fazer amigos não perca o sentido de ser quem é para quem se tem afinidade com o intuito simples de caminhar junto.
Caminhar junto. Dividir problemas. Celebrar vitórias. Carregar a carga do outro quando não se consegue sozinho.

Os relacionamentos não podem virar reféns das inovações tecnológicas. A definição da Comunidade, segundo a Biologia, é a totalidade dos organismos vivos que fazem parte do mesmo ecossistema e interagem entre si. Os avanços do homem não podem intervir na saudável interação, onde todos evoluem juntos.
Se não houver cuidado, o oceano da superficialidade pode ficar mais profundo afastando cada vez mais as ilhas detrás dos monitores pelo mundo.

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